A fotografia noturna é uma das categorias mais populares, e não é à toa. Ela é capaz de criar efeitos que a gente não consegue ver com os próprios olhos e, muitas vezes, acaba criando imagens que parecem contos de fadas. Apesar disso, ela não é uma técnica muito complicada, apesar de requerer um pouquinho mais de conhecimento técnico do que a fotografia diurna. Porém, como vou te mostrar nesse artigo, é bem fácil fazer fotografia noturna se você tiver as coisas certas e seguir essas dicas.
Existem alguns segredos para se conseguir boas fotos noturnas, e a dificuldade acontece justamente porque esses ambientes possuem pouca luz, que é exatamente o que a câmera precisa para funcionar bem. Independente do que se esteja fotografando, o sensor da câmera precisa absorver uma certa quantidade de luz para poder formar a imagem, e essa quantidade é sempre a mesma, independente da situação. Imagine o sensor da câmera como um copo que a gente precisa encher de água.
O problema das fotos noturnas é que a câmera precisa lidar com pouca luz
Então, numa cena ao meio-dia tem muita luz e o sensor fica ‘cheio’ mais rápido. Já numa cena noturna, a gente tem que deixar a torneira aberta mais tempo até ele encher. Isso é o que, em fotografia, a gente chama de exposição, e ela quer dizer qual é a melhor combinação entre velocidade do obturador, abertura da lente e ISO que deixam o sensor feliz.
Para a fotografia noturna, então, a gente vai precisar fazer a câmera coletar luz por bastante tempo, ou seja, o obturador vai ter que ficar aberto, com uma velocidade bem baixa. À primeira vista isso parece bem simples, mas tem algumas complicações que a gente precisa resolver.
Câmera
Infelizmente, não é qualquer câmera que consegue fazer fotografia noturna, incluindo a grande maioria dos celulares e não tem dicas que possam dar jeito nisso. O problema aqui é que tanto os celulares quanto as câmeras compactas não conseguem lidar com situações que têm pouca luz. Na verdade, até as boas câmera têm, mas no caso das compactas, dos celulares e das semi-profissionais, um outro fator complicador é que o sensor desses dispositivos costuma ser muito pequeno, e isso quer dizer que a imagem fica muito ruidosa no escuro. Isso não quer dizer que não dê, mas depende muito do dispositivo e de tentar.
Já qualquer câmera DSLR ou mirrorless vai dar conta do recado tranquilo. Os modelos mais populares do mercado, que costumam ser os da Canon, como a T7i, a T6i e a SL3 dão conta do recado sem problema nenhuma. Modelos de entrada da Nikon, como a D3200 também fazem sem nenhum problema. Pra saber se a sua câmera é capaz, basta ver qual é o tempo de abertura máximo de obturador que ela suporta, se for maior que 15 segundos, vai dar certo.
Em termos de lente, também não tem muito o que especificar. A lente do kit de qualquer uma dessas câmeras vai servir bem para o trabalho, então não se preocupe com ela. Sendo uma DSLR ou mirrorless, não tem erro, dá pra fazer, mesmo que seja mais antiguinha.
Tripé
Além da câmera, você também vai precisar de um tripé. Como a cortina vai ficar muito tempo aberta, qualquer movimento ou vibração vai borrar completamente a imagem. A câmera tem que ficar perfeitamente estável para dar certo, não tem conversa. Pra isso, basta ter um tripé de boa qualidade, ou dar um jeito de apoiar a câmera em alguma coisa. Eu já tirei várias fotos com a câmera apoiada em pedaços de pedra e deu certo! Só é meio difícil de acertar o enquadramento, mas era o que tinha na hora.
De todo modo, ficar fazendo gambiarra dá pra tolerar uma vez ou outra, mas toda vez começa a ficar chato. Fora que um tripé é um acessório indispensável para qualquer fotógrafo. Uma das dicas mais importantes aqui é que não se faz fotografia noturna com a câmera na mão. Tirando alguma situação muito inesperada, raramente dá certo.
Controle Remoto
Uma outra coisa que precisa fazer para a foto noturna dar certo é acionar a câmera com um controle remoto. Se você tentar pressionar o botão com a mão, a câmera certamente vai mexer e a foto vai borrar. Por mais que você tome cuidado, não tem jeito, vai estragar.
Existem três soluções pra isso. Uma é comprar um controle remoto específico pra sua câmera, que facilita bem a vida e é um acessório que vale a pena ter. Eu não tenho e vivo me lascando com isso. A segunda solução é que muitas câmeras, hoje em dia, possui conectividade wifi, aí você usa um app no celular para disparar ela remotamente.
Já a terceira solução é a do pobre, que é o meu caso, que é usar o timer. Aí você escolhe o timer, de preferência de 10 segundos ou mais, aperta o disparador e se afasta. A câmera vai vibrar um pouco, mas depois de um tempo ela estabiliza. A função do timer é justamente esperar esse tempo. Todas as minhas fotos noturnas eu fiz assim e funcionou.
Modo manual
Como numa situação de pouca luz a câmera pode ficar perdida, essa é uma boa hora pra usar o modo manual. Eu não costumo recomendar esse modo quase nunca, mas ele existe por um motivo e esse é um deles. Você precisa deixar a câmera no modo completamente manual, incluindo abertura, velocidade, ISO e, talvez, o foco. Com relação à abertura, basta selecionar um valor que facilite o foco, ou seja, que tenha uma profundidade de campo bem grande. Lá pra f/5.6 ou f/8 costuma ficar bom pra maioria das lentes de kit.
Um outro conselho, esqueça esses modos de cena que as câmeras têm. Geralmente eles não dão conta do recado e, como você vai notar, a fotografia noturna é uma questão de tentativa e erro. Com esses modos automáticos, o número de parâmetros que você pode variar é pequeno. Aí, se não der certo, não tem o que fazer.
Reduza o ISO
Outro passo crucial na fotografia noturna é sempre usar o menor ISO possível. Como tem pouca luz, se você deixar a câmera escolher, ela vai jogar o maior valor que tiver. É justamente aí que as câmeras compactas e celulares se dão mal, porque subindo o ISO até o fim é que estraga a imagem. Então, deixe ele lá no 100 ou 200 para garantir uma imagem bem limpa e lisa.
Foco
O foco é um outro problema sério na fotografia noturna. Se você estiver numa paisagem como uma cidade, com muitas luzes, pode ser que a câmera consiga focalizar sozinha. Nesse caso, deixe ela trabalhar porque é mais sensível que os nossos olhos. Porém, se não for esse o caso, coloque o foco no manual e use o liveview pra ajustar. Se a quantidade de luz for tão pequena que não dê pra ver nada mesmo assim, então vai por tentativa e erro mesmo.
Desligue o Flash
Com relação aos parâmetros da câmera, a última recomendação é desligar o flash. Se a câmera estiver com ele no automático, vai tentar compensar a exposição como se o flash fosse conseguir iluminar toda a cena. Como resultado, a imagem vai ficar escura e não vai ter foto noturna. Então tenha certeza que ele esteja desligado. Aí nenhuma das outras dicas vai te ajudar a fazer a fotografia noturna, né?
Roteiro da fotografia noturna
Feito tudo isso, você estará pronto para começar a brincar com a fotografia noturna. Agora, é uma questão de tentativa e erro até achar a exposição correta. Comece com 1 segundo e veja na tela o que deu. Se ficou escuro, mude para 2 segundos, e assim por diante. Raramente uma imagem precisará mais de 20 segundos para aparecer. Se isso acontecer, verifique se a tampinha não está na lente, porque no escuro essas coisas acontecem.
Depois que conseguir uma imagem com uma boa exposição, que dê pra ver bem as coisas sem nenhum ponto estourado, comece a otimizar o foco. Sempre visualize a imagem na tela da câmera e amplie o máximo que puder para verificar se os detalhes estão bons.
Caso a imagem fique um pouco borrada, verifique se o timer está ligado, se o tripé está firme e se não tem muito vendo. Qualquer balançadinha e a imagem fica uma porcaria mesmo. Por fim, tente otimizar o foco, e é isso. Depois de muitas tentativas, vai começar a sair muitas fotos boas naturalmente.
E esse é o roteiro que eu sigo pra fazer fotografia noturna, não tem muito erro. Se você gostou desse artigo, não deixe de dar uma olhada no resto do blog e também no meu Instagram. Lá, eu posto muitas outras coisas além do conteúdo daqui.