Fujifilm Fujicolor C200, um filme barato e equilibrado

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Eu sempre ouvi dizer que o Fujifilm é um filme muito mais equilibrado que o Kodak. Quando meu pai me mandava comprar filme pra nossa Olympus Trip 35 (há muitos e muitos anos atrás), ele sempre falava pra eu preferir o Fuji por causa disso. Depois que comecei a fotografar pra valer recentemente, só tinha usando Kodak. Então resolvi comprar um rolo de Fujifilm Fujicolor C200 pra fazer um teste.

Assim como o Kodak ColorPlus 200, ele é um filme de entrada, custando um pouco mais de 20 reais por rolo. O processo de revelação é o C-41 padrão e ele possui ISO 200, assim como o Kodak. Porém, para mim, as semelhanças terminam aí.

Embalagem do Fujifilm Fujicolor C200

Metodologia

Nesse teste eu fiz os 36 quadros com uma Minolta 5000 com lente Minolta AF Zoom 35-70mm f/3.5-4.5 sempre no modo P (Program) para otimizar a definição da imagem, com exceção dos testes de velocidade e do teste noturno que fiz em modo manual. Também usei o auto-foco em todas as fotos, exceto a noturna.

A Minolta 5000 que usei nesse teste

O negativo foi revelado pelo método padrão C-41 numa loja aqui da minha cidade e digitalizado por mim num scanner Epson V370 com resolução de 4800 dpi, formato TIFF e cor de 48 bits com correção de cor padrão e remoção de poeira em intensidade média.

Alguns exemplos com o Fujifilm Fujicolor C200

Com a câmera carregada, fui dar uma passeada na Estação Tanquinho, que é rota da Maria Fumaça de Campinas. As primeiras fotos que tirei foram dos ambientes internos da estação com iluminação natural. Nenhuma das fotos a seguir teve nenhum tipo de correção de cor, contraste ou nitidez, elas estão como saíram do scanner.

Telefone antigo na Estação Tanquinho em Campinas.
Interior da Estação Tanquinho
Mais uma do interior da estação

Também fiz algumas no ambiente externo. Todas essas fotos foram tiradas por volta das 15 horas, então a luz do Sol estava num horário em que a cor é bastante neutra.

O que posso dizer dessas fotos é que o resultado foi extremamente consistente. Ponto para o filme e também para a câmera. Não tive nenhum problema de foto lavada, nem de superexposição. Nenhuma das fotos precisou de ajuste para ficar apresentável, ao contrário do Kodak ColorPlus 200, que é o concorrente direto do Fujifilm Fujicolor C200 que já comentei nesse artigo.

As cores com iluminação natural neutra são muito fiéis e o filme pega bem todos os detalhes, inclusive nuances de intensidade. Por outro lado, todas as fotos ficaram bem granuladas e o efeito é especialmente visível no céu azul.

Teste de granulação com velocidade

Alguns filmes são especialmente sensíveis à velocidade de exposição e variam bastante a granulação conforme se aumenta a velocidade do obturador. Esse foi um dos motivos de ter escolhido a Minolta 5000 para testar o Fujifilm Fujicolor C200, já que ela é capaz de ir até 1/2000. As quatro fotos abaixo eu tirei em seqüência, no mesmo horário, no modo manual em 1/2000, 1/1000, 1/500 e 1/250, respectivamente.

1/2000
1/1000
1/500
1/250

Honestamente, eu não consigo ver muita diferença de uma pra outra. O resultado é realmente muito consistente e as cores são bastante fieis. A profundidade da imagem também é excelente, e el já faz aquele efeito que parece uma pintura ultra realista sozinho.

Só como um teste, eu fiz uma enquete no meu Instagram pra ver se as pessoas preferiam a imagem do jeito que saiu do filme ou tratada, e o resultado foi uma vitória da versão tratada por muito pouco. Veja abaixo como ficou. Eu ainda prefiro do jeito que saiu do filme, ficou bem mais natural!

A versão tratada ficou parecendo uma pintura!

Fujifilm Fujicolor C200 no pôr-do-Sol

Como não podia deixar de ser, fiz um monte de fotos no pôr-do-Sol já que essa é a condição de luz preferida de praticamente todos os fotógrafos. Tenho vários exemplos com o Kodak ColorPlus 200 que puxa bastante o laranja, então seria interessante ver como esse filme neutro se sai nesse quesito.

As duas fotos abaixo são da Fábrica de Chapéus Cury em Campinas/SP, que é um prédio que está abandonado há décadas. Tirei essas fotos por volta das 17h, com o Sol já começando a chegar no horizonte e com a iluminação pegando indiretamente.

A latitude de exposição desse filme também é muito boa. Apesar de ter um céu bem claro no fundo, o filme não estourou em nenhum ponto. Precisaria de uma digital com um HDR muito bom para conseguir um resultado semelhante! Também gostei muito do tom aveludado das paredes! Parece que esse filme se dá muito bem com superfícies foscas iluminadas indiretamente.

E também peguei uma cena realmente com o Sol se pondo, bem alaranjado e com a iluminação vindo de frente na lente. Realmente, o Fujifilm Fujicolor C200 consegue pegar muito bem todas as nuances e as cores são muito fiéis. Mesmo o céu não estourou nem nenhuma ponto.

Segue a versão tratada, que fez bem mais sucesso que a natural na minha enquete do Instagram.

Foto noturna

Outro motivo de eu ter escolhido a Minolta 5000 é que ela é capaz de fazer exposições longas de até 4 segundos, que eu achei que seria suficiente para uma foto noturna. Infelizmente, o resultado não saiu lá aquelas coisas. Essa é a foto sem tratamento.

Parece que ele não reagiu muito bem à longa exposição, ou talvez ela não tenha sido longa o suficiente e acabou ficando esbranquiçada porque o meu scanner teve que forçar a barra para digitalizar. De todo modo, segue a versão tratada, que melhorou um pouco mas não resolveu a situação.

Eu ainda não peguei a mão com foto noturna em filme. Talvez um ISO maior resolva o meu problema? Talvez.

Teste de cor

Para que o teste fosse um pouquinho mais científico, eu resolvi criar uma cartela de cores para poder realmente observar o quão neutro esse filme realmente era. A cartela foi impressa em papel fotográfico fosco com uma impressora Canon Image PRO-10. Essa cartela foi digitalizada no mesmo scanner Epson V370.

Foto com o Fujifilm Fujicolor C200
Versão impressa que foi usada na foto acima digitalizada com um Scanner Epson V370

Comparando a versão fotografada (de cima) com a digitalizada (de baixo) realmente podemos atestar como o filme é fiel às cores. A versão digitalizada eu tive o cuidado de calibrar com o meu monitor para que ficasse o mais fiel possível ao que estou vendo com meus próprios olhos, assim você pode ter uma boa medida da diferença entre as suas fotos e o ambiente real.
Todos os tons têm uma excelente separação com uma leve tendência de escurecer todas as cores e de puxar levemente para o vermelho, especialmente nos tons cinzas e terras. Além disso, o azul ficou bem mais queimado do que no original. Já o laranja e o amarelo ficaram muito fiéis à impressão.

Isso realmente confirma que esse filme precisa de muito pouco pós-processamento para conseguir resultados realmente incríveis!

Fujifilm Fujicolor C200: conclusões

De tudo que coloquei aqui, o máximo que consigo fazer é dizer o que já foi concluído antes:

  • o filme é muito consistente, todas as fotos ficam boas
  • a granularidade é bastante acentuada mas não varia com a velocidade da exposição
  • a latitude de exposição também é excelente, mostra bem as áreas escuras e não explode nas claras
  • a resolução não é comparável a um filme mais caro como Kodak Ultramax 400
  • é fácil fazer um efeito de pintura quando a iluminação é bem forte e neutra
  • a separação de tons é excelente, sendo apenas um pouco queimado em relação ao que se vê a olho nu.
  • as cores são tão fiéis que muitas vezes nem é preciso tratar as fotos
  • dá pra trazer muita profundiade e cor com pós-processamento

E agora vem a pergunta crucial: entre ele e o concorrente direto, o Kodak ColorPlus 200, qual eu prefiro?

A resposta, como sempre, é depende. O Colorplus é um filme muito interessante para quem sabe trabalhar com ele e quer aproveitar as suas características para fazer efeitos como os que mostrei nesse artigo. O Fujifilm Fujicolor C200, por ser mais neutro e consistente, gera sempre resultados muito mais previsíveis, porém prejudica um pouco no quesito efeitos.
Tudo depende do resultado que você pretende. Se a sua intenção é bom resultado com baixo custo, então o negócio é ir no Fujifilm mesmo. Porém, se você quiser mais definição, aí é melhor pagar um pouco mais num Kodak Ultramax 400 ou num Fujifilm X-Tra 400, que, aliás, já comprei um rolo e cada e vou testá-los em breve!

Fábio Ardito

Pelo mundo atrás de treta.

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