O mito da educação como solução mágica

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Entra ano, sai ano, mas as bobagens que a gente ouve nesse Brasilzão de Nosso Senhor continuam, quase sempre, as mesmas. É bem verdade que muitas delas têm sido desmascaradas nos últimos tempos. Entretanto, tem algumas que são caras a todos mundo, de qualquer espectro político. Uma delas é um dos mitos fundadores da catástrofe nacional que é a ideia da educação como solução para os nossos problemas.

Senta aí que o tio vai tratar da coisa sob um ponto de vista um pouco diferente do que você provavelmente está acostumado.

Educação ou criação?

A primeira coisa que precisamos entender é que existe uma diferença entre educação e sistema educacional. Em quase todo o mundo, isso não é privilégio brasileiro, existe essa confusão de termos.

No entanto, é fácil desfazer essa figura de linguagem. Primeiro, é preciso deixar claro o que significa educar. Não é a toa que existe a expressão ‘criança educada’, que quer dizer que o sujeito mirim possui bons modos que são provenientes da sua criação familiar. Nesse sentido, educação tem muito mais a ver com criação do que receber lições de um professor.

Se educação e criação se confundem nesse sentido, é porque alguma verdade em comum elas possuem. No entanto, quando pensamos em criar, no sentido de criar um filho, a coisa envolve muitos outros aspectos além dos bons modos, como cuidados com alimentação e proteção contra eventuais perigos.

Criar tem um significado bem mais sério do que educar, porque tem a ver com a sobrevivência de um ser ainda indefeso. Só que, além disso, criar significa tornar essa criança apta às funções da vida adulta e em sociedade.

Por isso mesmo, uma criança ‘bem criada’ sabe se comportar perante os outros. É aqui que educação e criação se confundem, porque os bons modos, como são convenções sociais, precisam ser ensinados de alguma maneira. Não é por coincidência que a raiz etimológica da palavra educar significa conduzir para fora. O objetivo da criação de um indivíduo é justamente dar a ele as ferramentas necessárias para que ele possa encarar o mundo.

A educação pré-industrial

Onde quero chegar com isso é que a educação é um processo orgânico e familiar. Acontece que, nos últimos séculos, a partir da revolução industrial, a família passou a se ocupar das atividades das fábricas. Antigamente, o comum era que as pessoas vivessem de atividades artesanais. Por isso mesmo, o convívio entre os membros da família era constante, pois todos estavam no mesmo lugar o tempo todo.

Deste modo, a educação básica era uma coisa natural e ocorria em casa sem maiores problemas. Somente após um certo período, quando o sujeito crescia o suficiente para decidir adquirir mais cultura, é que se procurava uma universidade ou um convento. Entretanto, conforme as pessoas foram para as fábricas, elas perderam esse contato com a família progressivamente. Após a inclusão das mulheres na força de trabalho, a educação doméstica foi praticamente extinta.

Porém, alguém tem que cuidar das crianças, né? Esse papel sobrou, obviamente, para o Estado e instituições particulares especializadas em educar crianças. É aqui que as coisas se confundem porque se criou um sistema para suprir uma demanda que antes era da família. Assim, a educação passou a ser sinônimo de sistema educacional. Como a norma passou a ser crianças tratadas por essas instituições, a educação doméstica foi sendo não somente esquecida mas, também, criminalizada – literalmente.

O sistema educacional e o Estado moderno

Acontece que, paralelamente à industrialização, outro bicho foi surgindo, que é o Estado moderno. Este, acumulando cada vez mais poder, precisa de um instrumento para uniformização cultural. A coisa mais óbvia do mundo é que esse instrumento é o sistema educacional. É nesse ponto da história que surge essa ideia de educação como solução para todos os problemas. Essa é uma crença eminentemente revolucionária, já que parte da ideia de que a solução para os problemas sociais provenha do Estado. Junte-se a essa também a de que é necessário criar um novo homem, melhor, mais solidário, mais ético… de acordo com os moldes da ideologia do Estado vigente, é claro.

A coisa toda é muito simples de entender. É muito mais difícil que ocorram revoltas populares se todas as pessoas tiverem mais ou menos os mesmos valores. Sem discordância, não há conflito. Ao mesmo tempo, surgiu essa crença no progressismo, filha legítima do iluminismo e que as tais luzes deveriam ser passadas a todos. Muito bem, mas aí entram dois problemas sérios. Primeiro, quem garante que essas luzes sejam luzes mesmo, e quem vai repassá-las?

É extremamente evidente que esses dois problemas são resolvidos pela mesma pseudo-solução, que é uma elite intelectual que se intitula a portadora oficial das ditas luzes. Nesse contexto, toda a distribuição de conhecimento se resume a uma disputa de poder e quem ganhar é que vai dizer o que é o certo e o que é o errado.

O sistema educacional moderno é somente o instrumento usado para impor as vontades dessa elite que hoje é um movimento global. Muita gente vai achar que estou falando de teoria da conspiração aqui. Existem dois motivos principais para isso. O primeiro é que é difícil aceitar que você foi enganado e moldado por um sistema de manipulação comportamental, e o segundo é que você talvez faça parte dele. Neste último caso, você não vai querer abrir mão dos seus dois salários mínimos mensais, não é mesmo?

O sistema educacional é o problema e não a solução da educação

Pra quem duvida disso que eu estou falando, dê uma olhada no livro do Pascal Bernardin chamado Maquiável Pedagogo. Se você tem preguiça de ler, é só dar uma olhada no seu entorno. O que significa ter um Ministério da Educação? O que são as Leis de Diretrizes e Bases?

Se você tem um órgão central que decide o que todo o país vai ensinar, necessariamente existe uma elite que decide o que esse conteúdo possui – isso é tão óbvio que está um patamar abaixo da lógica elementar! É a coisa mais óbvia do mundo, mas as pessoas perderam a noção de que as coisas são feitas por agentes, ou seja, pessoas que agem. Tudo o que acontece no mundo é fruto da ação de alguém, portanto existem pessoas por trás das coisas.

Duvida disso? Faz o seguinte, vai passear numa faculdade de pedagogia, de preferência federal. Chegando lá, você vai dar de cara com militantes políticos colando cartazes com palavras de ordem por todos os lados. Todos dizendo as exatas mesmas coisas com as exatas mesmas palavras. Se essas pessoas não são manipuladas pelo próprio sistema para serem todas iguais, então elas são o quê? Quais as chances de todo mundo num lugar se comportar de maneira idêntica sem terem sido treinadas pra isso? É extremamente evidente que a própria faculdade de educação é um centro doutrinador.

Além disso, porque, então, existem órgãos mundiais que tentam impor modelos educacionais no mundo todo? Porque existem coisas como a ONU e a UNESCO? Qualquer tentativa de tornar o sistema mais global vai, necessariamente, dar o controle a menos pessoas.

A revolução francesa

Acho que já está bem claro o ponto em que eu queria chegar. Quando alguém fala em educação como solução para todos os problemas, significa que ela comprou a ideia de que uma elite de pessoas podem resolver todos esses problemas. Isso nos leva ao próximo ponto. Por que o mundo atual acredita tanto no poder das elites?

Essa ideia surgiu quando os intelectuais passaram a acreditar que o mundo poderia ser moldado pela razão humana. A partir desse momento histórico, surgiram novos campos como a ciência política e a sociologia. A função dessas novas ciências seria a de compreender o funcionamento da sociedade e guiá-la para o seu aprimoramento.

Das luzes às trevas

A Revolução Francesa foi a tentativa de implementar esses ideais a partir da sociedade da França. O processo culminou no chamado período de terror, um dos momentos mais brutais da história humana. Os relatos da selvageria são muitos, como uma princesa que foi estuprada repetidas vezes e teve seu corpo completamente destruído, tendo seus pedaços arrancados pela multidão furiosa nas ruas de Paris. Relatos de execuções públicas brutais de milhares de pessoas, especialmente religiosos, existem aos montes.

Ao todo, estima-se que 40 mil pessoas tenham perdido a vida na Revolução Francesa e que 300 mil tenham sido presas, o que equivale a 2% da população da França da época. O país, que era a maior potência econômica europeia e, por conseqüência o país mais poderoso do mundo, foi praticamente destruído e nunca mais se recuperou. A França moderna não é nada além de um lugar turístico e culturalmente inerte que está sendo invadida por muçulmanos. No entanto, toda educação que recebemos nas escolas insiste que a revolução francesa foi – e sempre será, solução para alguma coisa.

Estes últimos parágrafos foram escritos para mostrar que essas ideias de intelectuais tentando planejar a sociedade a partir dos mais belos ideais terminam em tragédia. Os ideais revolucionários destruíram a França e a fizeram cair na mais profunda barbárie, por que não fariam o mesmo com o resto do mundo?

Uma ideologia baseada no instinto assassino, mas que posa como solução dos problemas

E fizeram. O iluminismo pariu o movimento revolucionário que começou a sua busca por sangue na Revolução Francesa. Esse espírito maldito continuou vivo e encontrou um novo corpo para possuir na Alemanha, através de Karl Marx e dos comunistas. O passeio seguinte da morte foi na Rússia, outra revolução sangrenta que culminou na União Soviética. Dali a coisa se espalhou e chegou na China, onde a brutalidade atingiu a escala máxima jamais vista na história humana. Ao todo, esses belíssimos e áureos ideais já custaram a vida de 100 milhões de pessoas.

Na verdade, esse é só o número de execuções, mas existe um muito pior que é o de abortos. Se levarmos isso em conta, o número de assassinatos causados pelo movimento revolucionário já chegou aos bilhões faz tempo. Onde quero chegar com isso? É muito simples. Esse ideal de um criar um mundo melhor é a ideia mais assassina que alguém já pôde conceber. Com a evolução dos métodos revolucionários, especialmente após Antonio Gramsci, o sistema educacional passou a ser a linha de frente dos instintos assassinos revolucionários.

A ideia deles é muito simples. Se todos forem criados nos moldes definidos pela classe intelectual, então atingiremos o estado de revolução que levará ao mundo melhor. Aqui, volto ao conceito de criação do começo do artigo porque a ideia é esta mesmo. Você já reparou o quanto insistem para que as crianças vão para escola o mais cedo possível? Para que essa coisa toda cole, é preciso martelar nas pessoas essa ideia de que a educação é a solução.

O objetivo disso é, evidentemente, fazer com que o sistema educacional tome o papel da família, especificamente, da mãe. As escolas viram, assim, fábricas de revolucionários. Duvida disso? Então dê uma olhada no que pensava Paulo Freire, patrono da educação brasileira.

A educação, como é hoje, é o problema e não a solução

Imagino que, a essa altura, você já tenha notado a cilada em que caímos. Quando ouvimos o chavão ‘mais educação’ estamos pedindo, na verdade, mais veneno. Mais educação, nos moldes atuais, significa entregar mais ainda as nossas crianças a pessoas depravadas e com mentalidade assassina.

Por qual motivo se deveria centralizar o modelo educacional num país tão grande quanto o Brasil? É óbvio demais que a intenção não é educar ninguém, porque é impossível dar conta de tanta heterogeneidade cultural. Por que insistir tanto em educação sexual para crianças? Você parou para pensar que os professores querem falar de sexo com crianças? É sério. O que você acha que vai sair disso? E digo mais, faça um teste básico de português com os professores do seu filho. Mais da metade, eu te garanto, não é capaz de redigir quinze linhas sobre as férias na fazenda.

O sistema educacional é todo pensado para criar revolucionários, como o próprio Paulo Freire deixou claríssimo em todas as suas obras. Apesar dele se comunicar exatamente como a Dilma, isso deu pra entender muito bem.

Revolucionários são, como mostrei acima, assassinos, e o sistema educacional é onde eles se multiplicam. Ou você acha coincidência que os alunos ataquem professores nas escolas? Existe um surto de violência nesses lugares, e era precisamente isso o que queriam. Afinal de contas, o que é a revolução? Não é a revolta contras as classes dominantes? Então é natural que a educação revolucionária bem sucedida culmine na agressão dos próprios professores.

Como a educação pode se tornar de fato a solução

É evidente que a educação como solução contém uma verdade em si mesma. Entretanto, esse conceito precisa ser desvinculado do sistema educacional. A função primordial da educação deveria ser o desenvolvimento da inteligência humana.

A ferramenta principal para isso sempre foi a literatura clássica e a alta cultura. Quando as pessoas absorvem o que de melhor foi criado pela humanidade, obviamente que se transformam em pessoas mais capazes, como já defendi num outro artigo. No entanto, isso é exatamente o contrário do que acontece dentro do sistema educacional.

Por enquanto, é muito difícil escapar de mandar crianças para o moedor de gente da máfia educacional, seja ela pública ou privada. Aliás, fica um conselho. Se for mandar seu filho pra escola, já que é obrigado, manda para a pública. O lixo que vão ensinar é o mesmo, mas pelo menos você não vai pagar pra isso. Ao menos não diretamente.

O que dá pra fazer, no atual momento, é investir em educação paralela para tentar combater o dano criado pelas escolas. Porém, eu realmente acho difícil reverter o quadro de dano cognitivo que elas causam nas crianças. Muito provavelmente, a única saída seja o home schooling.

Mas esse blog não é sobre propor soluções, é sobre reclamar da vida e por hoje acho que já reclamei bastante! Só espero que você nunca mais ache que a educação é uma solução mágica para todas as coisas.

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