7 dicas não tão fáceis para melhorar sua fotografia de paisagem

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Geralmente, as pessoas procuram artigos com dicas fáceis de fotografia, mas hoje vou focar mais em coisas que são um pouquinho mais difíceis na fotografia de paisagem. E essas coisas são mais difíceis justamente porque não são as que têm uma fórmula pronta. Porém, é justamente por isso que elas são importantes, porque são as coisas que não têm uma receita que fazem a gente se destacar do resto.

Mas, mesmo que você ainda não tenha todo o domínio sobre a câmera, não tem problema. As dicas que vou dizer a seguir dá pra fazer até no modo totalmente automático, porque elas dizem respeito mais à composição mesmo. Então vamos ao que interessa de uma vez!

Não fique preso na primeira composição

Sempre que a gente chega num ambiente novo, acontece aquela sensação de sobrecarga, porque o nosso cérebro leva um tempo para acostumar com situação e com todos os novos elementos que aparecem ali. Na verdade, não sei se você já reparou, mas conhecer uma cidade nova pode ser uma experiência bem estressante porque o cérebro fica sobrecarregado tentando reconhecer tudo. Depois de um tempo, ele já fez o mapa dos elementos principais e esse nível de stress vai diminuindo rapidamente.

Esse efeito, que é perfeitamente normal, afeta bastante a nossa capacidade de fazer uma boa composição. Uma outra coisa que sempre acontece é que, vendo coisas novas, a gente começa a se afobar pra querer fotografar tudo. Então o negócio é sempre o mesmo, respire fundo e mantenha calma. Tem que aprender a fazer isso de todo modo.

E o jeito mais fácil é começar a andar bastante pela cena, tentar visualizar todos os quadros possíveis, ver as coisas por ângulos diferentes, mudar perspectivas, observar cores. A gente tem que aprender a ver as cenas de fato, e não ficar refém de um monte de sensações furtivas. Como sempre digo, o fotógrafo tem que manter muito controle das suas emoções e não pode deixá-las turvar a sua visão. Ao contrário, elas servem justamente como um ‘quente ou frio’ que dão a direção daquilo que a gente quer mostrar.

Então, tente várias coisas, ainda mais se estiver usando uma digital, que não custa nada. Tire um monte de fotos e depois veja em casa o que presta e o que não presta. Uma boa dica é não deletar o que não deu certo, porque hoje pode não estar legal, mas daqui a dois anos você pode ter uma visão diferente da mesma cena. Isso sempre acontece quando reviso as minhas fotos antigas, e sempre acho uma ou outra paisagem que acaba virando uma boa fotografia depois da edição.

Distribua os elementos da cena com cuidado

Como sempre digo aqui, a fotografia é uma técnica de pintura e, por isso mesmo, a gente deve tratar a composição exatamente como numa pintura. Por exemplo, quando o pintor imagina a cena que vai pintar, ele pode fazer um rascunho mental de onde vai ficar cada objeto, como a luz vai incidir em cada um, etc. Na fotografia, dá quase pra fazer a mesma coisa se você souber usar bem a imaginação.

E existem basicamente dois meios de se fotografar belas paisagens: o planejado e o espontâneo. No planejado, a gente fica estudando o lugar e as coisas, a sua interação com a luz nos diversos horários do dia, estações do ano e condições climáticas, e faz um plano para fotografar quando todas essas coisas do plano acontecerem. Muita foto leva várias e várias tentativas para ficar perfeita justamente por causa disso. Fora que a gente fica lendo artigos e vendo vídeos de dicas de fotografia, aí fica tentando incorporar todas as coisas novas em todas a paisagem que aparece. fazer o quê? É a vida, né?

Porém, nem sempre esse é o caso, e a gente precisa aprender a fotografar essas cenas que caem no nosso colo de vez em quando. Ainda assim, é possível estudar e rearranjar as coisas que aparecem na nossa frente de modo a conseguir uma imagem final mais interessante. No fundo, essa uma continuação da dica anterior, porque o que a gente está fazendo aqui é pegando a observação que gastamos tempo fazendo e articulando ela em algo que faça um bom sentido.

No fundo, o que a gente precisa é parar um pouco, respirar e analisar a cena como um crítico de arte analisa um quadro pronto. Tem que olhar as linhas, os pesos as cores, os elementos, as proporções. Precisa aprender a dizer as coisas e organizar, assim o que vai pra câmera já é um produto bem elaborado e não uma foto aleatória que deu certo. Como tudo na vida, o bom fotógrafo é quem dá um passo além do comum e que tenta entender a sua arte em tempo real.

Não mostre o ambiente todo

Uma tentação bem comum para quem faz fotografia de paisagem é dar bola demais para a grandiosidade da cena, por isso, essa é uma das dicas mais fundamentais. Daí a gente tenta enfiar um monte de coisas num quadro só e nem sempre fica legal. Isso é especialmente verdade quando a luz não está lá aquelas coisas, como num dia ensolarado com o sol já alto no céu. Na verdade, o melhor é evitar esses horários como a peste, mas, se não der, tem saída.

Nesse caso, o negócio é começar a dar atenção aos detalhes. Ao invés de fotografar toda a paisagem, foque numa pedra, uma cerca, uma árvore ou algum elemento desses. Se o céu estiver muito azul, que é normal, tire-o da composição. Céu azul é bom pra passear, mas pra fotografar é uma das coisas mais sem graça que tem, afinal todo mundo vê o céu azul o tempo todo.

Image by Markus Pitzer from Pixabay

Outra vantagem de fotografar os detalhes é que eles não ficam presos nas condições de iluminação globais da cena. Por exemplo, se você for fotografar todo um campo, a luz como um todo vai depender da condição do céu na hora. Porém, um detalhe pode estar muito bem escondido numa sombra, com uma luz bem mais macia e interessante. Fora que, nessas circunstâncias, é bem fácil aparecer jogos de sombra interessantes. Uma dica simples é: na dúvida, procure flores!

Use a distância focal para regular a interação com o fundo

Um erro bem comum, associado com a dica anterior, é usar lentes com campo bem aberto, tipo 24 mm ou menos, para tentar capturar cenas grandiosas. O problema desse tipo de coisa é que se você tiver montanhas no fundo, por exemplo, elas vão parecer bem pequenas na composição final.

A razão disso é um fenômeno de óptica geométrica que se chama compactação de fundo, e é bem fácil de entender como funciona. Quando a gente dá um zoom numa coisa – o que quer dizer usar uma distância focal maior, a gente está aproximando os objetos mais distantes. No fundo, o que uma lente de distância focal maior faz é coletar somente os raios de luz que se movem num feixe mais paralelo. Com isso, a diferença de tamanho entre as coisas devida à perspectiva vai sendo eliminada conforme o zoom vai sendo aumentado.

Isso quer dizer que uma montanha, que lá longe parece pequena, vai começar a assumir o seu tamanho real. Enquanto isso, uma pedra, que está bem próxima da câmera, também vai assumir o seu tamanho real, que é muito menor que a montanha. O resultado é que a montanha cresce e a pedra diminui, em termos relativos. E aí parece que a montanha está muito mais próxima do que realmente está. Por exemplo, na foto abaixo as montanhas ficam pequenas porque provavelmente a distância focal da lente era pequena demais, ou seja, tinha pouco zoom.

Image by Markus Pitzer from Pixabay

Mas veja bem, eu já sei o que você vai dizer agora. Quando dou um zoom numa coisa próxima ela também aumenta na tela. Isso é verdade, mas dê uns passos pra trás e veja a mágica acontecer. Esse objeto volta a ter o tamanho que tinha antes, mas o fundo não. É por isso que é importante ter uma lente com uma distancia focal mais longa, tipo uma 70-200 mm, para fotografar paisagens. Essa é uma daquelas dicas que podem custar caro, infelizmente, mas na fotografia o equipamento é tão parte da coisa como a paisagem em si.

Preste atenção em como a luz interage com as coisas

Essa aqui vai aparecer em todos os artigos de dicas de fotografia, e não só nas de paisagem, né? Isso acontece porque é a parte mais fundamental de toda a fotografia. Não existe boa foto sem boa luz, isso é um fato quase de física. Então, não tem jeito, tem que aprender a olhar as coisas e perceber quais são as condições de luz que fazem boas fotos.

E, como sempre digo em quase todos os artigos, é preciso aprender a observar e descrever as coisas. O melhor exercício para conseguir isso é fotografar a mesma cena na maior variedade de condições possível. Escolha uma coisa que você gosta – pode ser uma árvore, uma casa, um campo, e vá tirando fotos dessa cena quando estiver sol, chovendo, na alvorada, no crepúsculo, nas diversas épocas do ano, à noite, com Lua, sem Lua e assim por diante.

Depois, tente prestar atenção em todas as diferenças e faça uma lista de quais são. Só de fazer isso, sua percepção sobre a luz vai melhorar formidavelmente, e logo você vai começar a usar esses conhecimentos naturalmente em todas as suas fotos. Além do mais, eu acho bem divertido fazer esse tipo de coisa.

Saiba usar o seu tempo

Na fotografia de paisagens, o tempo é um recurso precioso porque a interação da luz com o ambiente muda drasticamente com o passar do dia. Não somente a incidência da luz solar muda de ângulo com o dia, afetando totalmente as sombras e as texturas do ambiente, mas também afeta a cor. Um outro efeito importante é que a incidência e o tempo que o Sol ilumina a Terra afeta a temperatura e as condições climáticas. Então, conforme o sol vai subindo, muda também a cobertura de nuvens, nevoeiro, umidade, campo de visão e todas essas coisas.

Image by Couleur from Pixabay

Então, tem que saber ser rápido sem ser afobado, e tem que aprender a planejar pra chegar no lugar nos horários certos. Como eu já disse nesse outro artigo, a gente precisa saber bem mais coisas pra fotografar bem paisagens do que simplesmente fotografia. Tem que ter todas essas noções de meteorologia, astronomia, etc. Inclusive, quem gosta de fotografar a Lua sabe bem que a gente costuma ter somente uma janela bem limitada de tempo pra conseguir fazer fotos legais.

Uma outra excelente dica sobre esse assunto é aprender a usar mapas, bússolas e softwares de astronomia para prever todas as posições do Sol e da Lua, ângulos de incidência da luz e tudo o mais para se programar de antemão e se preparar para tirar proveito máximo das cenas. Planejamento sempre é uma questão prioritária em qualquer coisa.

Saia da zona de conforto

Por fim, essa é mais uma dica daquelas que estão em praticamente todos os artigos. Se você ficar só saindo fotografar de domingo a tarde, não vai a lugar algum. Se ficar só quintal de casa, não vai ter muita coisa nova, e assim por diante. Tem que tirar a bunda da cama antes do Sol nascer, acordar o galo e ir fotografar bem cedo. Não tem outro jeito de fazer essas coisas.

Também tente técnicas que você não esteja confortável. Se não se dá bem com preto e branco, comece a praticar, por exemplo. Tente alguns estilos diferentes, como o abstrato e o minimalista. É fundamental sempre tentar coisas novas, porque elas ampliam a sua capacidade de ação e permitem que você vá encontrado a sua própria voz com o tempo. Então, jamais fique estacionado onde está.

Image by Mircea Ploscar from Pixabay

Essas são as 7 dicas sobre fotografia de paisagem que não são tão fáceis assim, porque elas são meio subjetivas ou até complexas, como entender a posição do Sol em cada cena. Mas elas estão aí, são extremamente importantes, e ninguém vai dominar essa área da fotografia sem sabê-las. E também não vai sem dominar as técnicas de câmera. Por isso, preciso reforçar mais uma vez a importância de se fazer um bom curso de fotografia, e vou recomendar, de novo, o Mestre das Fotografias, que é um parceiro aqui do blog. Dá uma olhada lá, você vai gostar. Também dê uma passada no meu Instagram, tem muito material lá que não tem aqui e tenho certeza que você vai gostar!

Fábio Ardito

Pelo mundo atrás de treta.

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